Síntese reflexiva, na qual discutimos sobre a polemica do exame, que é um instrumento que não pode por si mesmo resolver os problemas gerados em outras instâncias da sociedade, provas e exames são apenas instrumentos de classificação e seleção, que não contribuem para a qualidade do aprendizado nem para o acesso de todos os sistemas de ensino.
Com relação ao exame, instrumento no qual se deposita
a esperança de uma melhor educação, é importante que professores e alunos
considerem a relação simétrica que existe entre ambos.
O exame, um dos pontos onde a política educativa
adquire concretude, torna-se uma problemática rotineira que permeou os alicerces
da história e da sociedade. Uma nova política educativa neoliberal, onde se
trata o pensamento conservador, que no social regressa aos velhos valores e
também abarca discussões sobre origens étnicas, entre outras bases. Toda essa
política tem como foco buscar justificativas que permitam fundamentar
restrições que dizem respeito à educação.
Em todo modo, o papel do exame na educação é de
justamente reconhecer administrativamente um conhecimento, mas não indica qual
o real saber de um indivíduo.
Alguns fatores contribuíram para essa política
educacional. Primeiro, há o fato de o exame ser um instrumento criado pela
democracia chinesa para eleger membros de castas inferiores. Segundo, há o fato
de existirem grandiosas evidências que comprovam que, na Idade Média não existia
um sistema de exame que se ligava as políticas educativas. E um terceiro fator
contundente é de que, a atribuição de notas e trabalhos é uma herança do século
XIX a própria pedagogia. Sendo assim, o exame torna-se um problema não ligado
historicamente ao conhecimento, mas um problema marcado pelas questões sociais,
sobretudo as mais críticas.
O exame é um instrumento que não pode por si mesmo
resolver os problemas gerados em outras instâncias da sociedade. Ele não pode
ser justo, pois a estrutura social que o abarca por si só é injusta. Problemas
de ordem social são transladados a problemas de ordem técnica e por esse motivo
a discussão que se realiza nesse nível da problemática desconhece essa
conformação, pois os problemas de ordem técnica convertem a questão do exame
numa dimensão científica.
Trata-se de um problema de controle, onde as
concepções de testes e avaliações são o resultado de um processo de
transformação social, onde a indústria monopólica dos Estados Unidos provocou
uma articulação entre transformação social e princípios do século com a criação
do novo recurso pedagógico.
Os usos educativos dos testes no plano de ideologia
possibilitaram para a escola a apresentação de debates biologistas sobre as
diferenças individuais de cada um, tornando dessa maneira a teoria do teste
apoiada na teoria da ciência. Medidas que a psicologia incorporou como
experimental.
Thorndike e seus discípulos foi quem se deram a tarefa
de elaborar testes de rendimento escolar. Tais testes, onde foi permitido efetuar
esta discriminação à cerca do desenvolvimento educacional.
Na atualidade toda nação avaliativa da aprendizagem
trás sobre si uma medição. Nunca se cogitou a possibilidade de medir uma
qualidade, tampouco se estudaram as dificuldades para que os processos de
pensamento fossem trazidos e se encontrasse uma palavra para poder
expressar-se, criando dessa maneira uma avaliação educativa paulatinamente
adquirida no status de um campo técnico próprio.
Desta forma, a ação da aula se converte em uma ação
perversa em seu conjunto. Professores só preparam os alunos para resolver com
eficiência os exames, e os alunos só se interessam por aquilo que representa
ponto para passar de ano.
É preciso recordar que a conformação da escola a
partir da Revolução Francesa criou as bases para estabelecer um sistema de
certificação educativa, onde a habilidade e o conhecimento docente devem ser
realizados para ensinar a discernir os requisitos para um indivíduo.
Sendo assim a nota é apenas uma convenção através da
qual a escola certifica um conhecimento, concluindo dessa forma que a área
pedagógica caiu numa armadilha que a impede de perceber e estudar os grandes
dilemas da educação.
Referência
LUCKESI, Cipriano Carlos. A avaliação da aprendizagem
escolar: apontamentos sobre a pedagogia do exame. In: LUCKESI, Cipriano Carlos.
Avaliação da aprendizagem escolar:
estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p. 35-44.

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