Luckesi
em seu texto explana a questão do autoritarismo no contexto da avaliação
escolar. Ele busca mostrar o desenvolvimento e avanço dos limites autoritários
em relação a avaliação escolar. É apresentado durante o texto que a avaliação
educacional e a de aprendizagem são meios que não possuem os fins em si mesmas,
pois elas estão limitadas pelas práticas e teorias que as correspondem,
voltadas para uma pedagogia que atende a uma concepção de sociedade.
No
autoritarismo a prática da avaliação se manifesta de forma autoritária, estando
inserida dentro de um modelo teórico de conservação e reprodução exata da
sociedade. Sendo assim o Luckesi pretende acabar com esses entendimentos
autoritários e rígidos e, dessa forma, propõe um desmembramento, no contexto
pedagógico, ou seja, a avaliação é entendida como um mecanismo de transformação
social.
Contextos pedagógicos para a prática da avaliação
educacional
A
avaliação da aprendizagem escolar no Brasil segue um modelo tradicional
conservador, pois herda características de uma burguesia revolucionária que
durante o período da Revolução Francesa onde essa produziu três tipos de
pedagogias diferentes: tradicional (centrada na transmissão de conteúdo, tendo
o professor como figura central e única de conhecimento); renovada ou
escolanovista (valoriza os sentimentos e as palavras de cada aluno na produção
do conhecimento); tecnicista (tem como base o uso dos meios técnicos levando-se
em conta o rendimento do aluno). Todas essas formas são sustentadas pela
tradição, que visa uma equalização social. Mas, não teve o efeito desejado já
que este modelo social não o permitia. Era preciso, para tanto, um outro modelo
social. Assim, foi surgindo uma nova pedagogia e uma nova maneira de pensar o
aprendizado escolar.
Assim,
surgiu a pedagogia libertadora que possui como foco nos estudos de Paulo Freire
pela emancipação das classes populares através da conscientização cultural e
política fora dos muros da escola; libertária, representada pelos
anti-autoritários e autogestionários, lutando pela conscientização e
organização política dos alunos; e a
pedagogia dos conteúdos socioculturais (estudada pelo grupo do professor
Dermeval Saviani, centrada na transmissão e apreensão dos conteúdos no contexto
de uma prática social).
Enquanto
de um lado estariam as pedagogias de domesticação, de conservação e reprodução
de conceitos, o outro lado estaria preocupado com a humanização, com a reflexão
e emancipação do sujeito. O primeiro grupo de pedagogias está preocupado com a
reprodução e conservação da sociedade e, o segundo, voltado para as
perspectivas e possibilidades de transformação social. Cada grupo reflete em
sua avaliação os seus princípios. A do modelo liberal conservador será
autoritária, rígida, ao contrário da avaliação das outras pedagogias que estão
centradas na transformação e autonomia do aluno. Assim, a avaliação se tornará
um mecanismo de diagnóstico e não como uma situação de condição
disciplinadora.
A atual prática
da avaliação educacional escolar: manifestação do autoritarismo
Segundo
Luckesi, a avaliação é um julgamento de valor que tem como objetivo medir
qualitativamente uma dada situação da realidade de ensino. Se considerarmos a
prática autoritária, a avaliação é um componente de decisão somente relacionado
ao professor sendo assim apenas classificatória, generalista. Desse modo a
avaliação se torna um instrumento estático, impedindo o processo de
crescimento. Seguindo a função diagnóstica, proposta pelas novas pedagogias,
têm-se um processo de constante desenvolvimento para a autonomia do aluno
tornando-o consciente de seu aprendizado.
Assim
para extinguir o autoritarismo é preciso mudar a forma como é vista a avaliação
nos dias atuais através da mudança da prática avaliativa em um instrumento
diagnóstico para o crescimento dos educandos. A avaliação deverá analisar
a aprendizagem real do aluno observando todo o processo de aprendizagem do
conhecimento, garantindo seu crescimento para a autonomia, garantindo a
democracia, uma prática de uma nova reflexão de seu consciente, de um novo modo
de se pensar a realidade educacional.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação
Educacional Escolar: para além do autoritarismo. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar:
estudos e proposições.22.Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p.61-65.
Um comentário:
Enquanto ensinantes do tempo presente nossos maiores desafios estão na árdua tarefa de ensinar a pensar sobre o próprio pensar, alçando voos para o crescimento cognitivo. Para tanto, necessitamos, cada vez mais, de ampliarmos nossas habilidades como comunicadores, como pesquisadores de nossas próprias práticas, elaborando nossos próprios raciocínios, nossas sínteses e teorias, buscando em nós mesmos a autonomia e a competência necessária ao nosso fazer.
Fundamentando nossas ações deste modo, alguns procedimentos podem nos favorecer para um novo olhar em relação à práxis educativa que, a nosso ver, sempre é uma prática psicopedagógica, pois nela está presente à dialógica relação entre quem aprende e quem ensina.
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